Quem sou eu? Texto de Ramana Maharshi
31/12/2012 15:19
Quem sou eu?
A felicidade é a natureza do ser, e apenas ela produz o amor. Para se atingir essa
felicidade é preciso que se conheça o Eu Real, e se alcança isso principalmente através da
indagação: “Quem sou eu?”
Não sou o corpo físico, nem os sentidos, nem a mente nem a ignorância. Depois de
negar todas as qualidades com neti-neti, a Consciência que permanece – existência –
percepção – beatitude – isto sou eu.
Quando surge o mundo (aparentemente real) o Eu Real não aparece; e quando este
brilha, o mundo não aparece.
Quando a mente permanece no coração, o “eu” que é o pensamento-raiz desaparece,
e daí brilha o Eu Real. O que quer que se faça sem a noção egóica será manifestação divina.
Não se deve permitir à mente vaguear rumo a objetos mundanos e ao que diz
respeito a outras pessoas. Tanto o desejo quanto o ódio devem ser evitados. Tudo que se dá
ao outro se dá a si mesmo.
Enquanto houver impressões na mente, deve-se praticar a inquirição “Quem sou
eu?” Os pensamentos devem ser destruídos no exato local de origem através da inquirição.
Deve-se repetidamente contemplar o Eu Real.
Devemos simplesmente nos submeter a Deus e despreocuparmo-nos, deixar que Ele
aja em nós.
Desapego é destruir todos os pensamentos em sua origem e sem deixar vestígios.
A mente deve ser aquietada, e este é o ensinamento final. Quando isso é
compreendido, não é necessária a leitura interminável. Para acalmar a mente, basta indagar
dentro de si sobre o que é o Eu Real. Buscá-lo nos livros é inútil. Chegará o momento em
que será preciso esquecer tudo que foi aprendido.
Quando o mundo desaparece, isto é, quando não existe mais pensamento, a
felicidade é sentida; quando surge o mundo, a mente sofre.
Aquietar-se é dissolver a mente no Eu Real. Poderes não constituem a sabedoria.
A ausência de desejo, que é impedir que a mente vá atrás de objetos, e a sabedoria
são a mesma coisa. Buscar apenas o Eu Real é desapego ou ausência de desejo; aí
permanecer é sabedoria.